O
vereador paulistano que teve a maior evolução patrimonial nos últimos
quatro anos, em valores absolutos, credita parte de seu enriquecimento a
três bilhetes de loteria premiados. Wadih Mutran (PP) dobrou sua
riqueza entre 2008, quando declarou ter R$ 1,9 milhão à Justiça, e 2012,
quando informou R$ 3,8 milhões.
No intervalo, afirma, ganhou R$ 600 mil
na loteria federal, em 2009. “Era uma trinca. Três bilhetes, cada um com
prêmio de R$ 200 mil”, disse. O vereador afirmou ter usado o dinheiro
para comprar dois apartamentos na zona norte, por R$ 400 mil e R$ 360
mil.
Outro item que chama atenção em sua
declaração de bens é a quantidade de dinheiro que diz guardar em
espécie. Eram R$ 260 mil em 2008 e hoje é R$ 1,4 milhão. Mutran diz que o
valor é proveniente de aplicações e “negociações” e usado para ajudar
familiares.
A evolução patrimonial de Mutran, de
quase R$ 2 milhões, é responsável por 25% do que os 53 vereadores
paulistanos que buscam a reeleição em outubro declararam ter
enriquecido. No total, o valor dos bens informados por eles saltou de R$
33,7 milhões para R$ 41,5 milhões – quase R$ 8 milhões a mais.
Quatorze parlamentares mais do que dobraram seu patrimônio desde 2008.

Wadih Mutran (à direita) participou do encontro entre Lula, Haddad e Maluf
Em termos percentuais, quem teve maior
aumento foi Quito Formiga, do PR. De 2008 a 2012, seu patrimônio saltou
de R$ 16,6 mil para R$ 622,4 mil, alta de 3.649%. Ele recebeu herança da
mulher.
O segundo na lista é Claudio Fonseca, do
PPS. Seu patrimônio, que em 2008 era de R$ 169 mil, hoje é de R$ 1
milhão. A maior variação ocorreu em suas aplicações financeiras, que
saltaram de R$ 28 mil para R$ 712 mil.
Em termos absolutos, quatro vereadores
tiveram evolução superior a R$ 1 milhão. Além de Mutran, são eles:
Sandra Tadeu (DEM), que incorporou R$ 1,7 milhão ao patrimônio, Aurélio
Miguel (PR), com R$ 1,1 milhão, e Marco Aurélio Cunha (PSD), também com
R$ 1,1 milhão.
Contatada pela Folha, Sandra não
respondeu. Aurélio diz que o aumento se explica “majoritariamente” pelo
recebimento de herança e pela venda de um imóvel. Cunha diz que a
evolução é compatível com suas atividades.
Doze dos que tentam a reeleição
declararam à Justiça guardar, no total, R$ 2,5 milhões em dinheiro vivo.
Além de Mutran, os dois que mais acumulam quantias em espécie são
Antonio Carlos Rodrigues (PR) e Juscelino Gadelha (PSB), com R$ 360 mil e
R$ 280 mil respectivamente.
Ambos dizem que a medida tem como
objetivo facilitar o uso dos recursos na campanha. Em 2010, ao menos 16
candidatos majoritários disseram ter dinheiro em espécie, Dilma Rousseff
entre eles.
Outro lado
Os
vereadores candidatos à reeleição que mais aumentaram seu patrimônio
desde 2008 dizem que não há irregularidade na evolução e que ela foi
comunicada à Receita.
Aurélio Miguel (PR) diz que além do
salário como vereador, tem “rendimentos variados” de atividades como
“compra, venda e locação de imóveis, palestras e participação em
eventos, além dos ganhos de capital”. “O vereador carrega nas veias o
sangue de empreendedor”, afirma nota de sua assessoria.
Diz ainda que no período ganhou um prêmio de R$ 200 mil em um programa do SBT.
Marco Aurélio Cunha (PSD) afirmou que o
crescimento se deve à compra de um apartamento de R$ 1,3 milhão, com o
dinheiro da venda de outro imóvel, financiado. Ele diz que a evolução é
compatível com as atividades que exerce – além da remuneração como
vereador, recebe como médico e, até 2011, ocupava a superintendência de
Futebol do São Paulo.
Quito Formiga (PR) diz que ganhou
herança de sua mulher, que morreu durante o mandato. Claudio Fonseca
(PPS) diz que o valor cresceu porque ele passou a especificar quanto
tinha nas aplicações financeiras, o que, alega, não era exigido em 2008.
Fonte: Folha
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