Imagem: DivulgaçãoO Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quarta-feira (18), que o uso de drogas ilícitas por adolescentes cresceu de 2009 para 2012, sobretudo entre as meninas. No ano passado, chegou a 9,9% a proporção de adolescentes que vivem nas capitais que já experimentaram, o que equivale a pouco mais de 312 mil jovens. Em 2009, quando foi feita a primeira pesquisa desse tipo, o porcentual foi de 8,7%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE).
O levantamento foi realizado a partir da entrega de equipamentos eletrônicos aos próprios adolescentes, que responderam com privacidade sobre hábitos e comportamento. Participaram cerca de 109 mil alunos do 9° ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas em todo país, a grande maioria (86%) com idades entre 13 e 15 anos. Os resultados foram projetados para o universo de 3,1 milhões de adolescentes que estudam no 9º ano.
Nas capitais, em 2009, 6,9% das meninas disseram ter usado alguma droga, índice que subiu para 9,2% em 2012. O consumo entre os meninos ficou praticamente estável, oscilando de 10,6% para 10,7%. Além disso, 0,5% dos adolescentes tinham usado crack no período de 30 dias que antecederam a pesquisa, e 2,5% usaram maconha.
Imagem: DivulgaçãoNo caso das drogas lícitas, sete em cada dez adolescentes já experimentaram alguma bebida alcoólica, proporção que teve pequena redução em relação a 2009, passando de 71,4% para 70,5%. No entanto, 50,3% informaram já ter tomado pelo menos uma dose, o que equivale a, no mínimo, uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça ou uísque. Esta pergunta não foi feita em 2009.
A pesquisa não investigou as razões que levaram os adolescentes ao uso de bebidas alcoólicas e drogas ou os efeitos causados, mas 16,5% dos jovens entrevistados disseram que já se sentiram sozinhos nos 12 meses que antecederam a pesquisa. O sentimento de solidão é muito maior entre as meninas (21,7%) que entre os meninos (10,7%). As garotas também são mais suscetíveis à insônia em decorrência de preocupações: 12,85% delas disseram já ter perdido o sono, enquanto entre os garotos são apenas 6,3%.
Prática do bulling
O IBGE também revela que um quinto (20,8%) dos adolescentes pratica bullying. De outro lado, 35,4% disseram ter sofrido agressão, humilhação e hostilidade por parte dos colegas. Além disso, 7,2% disseram que a prática é frequente. Pela primeira vez, os adolescentes foram questionados se participam de ataques aos colegas, por isso não há comparação com 2009.
Maior do que a proporção de adolescentes que sofrem bullying constantemente, no entanto, é a de jovens que são agredidos por adultos da própria família. Pouco mais de 10% dos entrevistados disseram ter sido agredidos nos 30 dias anteriores à pesquisa. As meninas são mais vulneráveis (11,5% delas sofreram agressões) que os meninos (9,6%).
Os dados também revelam que é crescente a proporção de adolescentes que se envolvem em brigas com armas brancas (passou de 6,1% para 7,3%) e com armas de fogo (de 4% em 2009 para 6,4%).
Embora o trabalho de crianças e adolescentes até 13 anos não seja permitido pela lei brasileira, 8,6% dos alunos do 9º ano trabalham, segundo os dados do IBGE. A região Sul do país tem a maior proporção, com 11,9% de estudantes trabalhadores. O menor índice está no Sudeste, com 7,5%.
Maus hábitos
Imagem: DivulgaçãoSegundo a pesquisa, os adolescentes brasileiros ainda se alimentam mal, veem TV demais e se exercitam de menos. Guloseimas como doces, balas e chocolates estão em terceiro lugar no consumo dos estudantes, atrás apenas do feijão e do leite e à frente de frutas e hortaliças.
Quatro em cada dez adolescentes comem guloseimas cinco dias ou mais por semana e apenas três em cada dez comem frutas com a mesma frequência. Os técnicos do IBGE se surpreenderam com a informação de que apenas 22,8% dos alunos das escolas públicas comem os alimentos oferecidos nas escolas, apesar de 98% terem acesso a refeições oferecidas pela rede de ensino.
Em relação aos exercícios físicos, apenas três em cada dez adolescentes são considerados ativos (fazem 300 minutos ou mais de exercício por semana, o que equivale a uma hora de atividade física, cinco dias por semana). Quase oito (78%) em cada dez adolescentes veem televisão durante pelo menos duas horas por dia, tempo considerado excessivo pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sexo
O IBGE mostra ainda uma ligeira queda entre os adolescentes que já tiveram relação sexual e um aumento do uso de preservativos. Em 2012, 28,7% dos adolescentes já tinham praticado relação sexual, proporção um pouco inferior aos 30,5% de 2009. Do total de meninos que responderam ao questionário do ano passado, 40,1% já fizeram sexo, sendo que, entre as meninas, 18,2% disseram que sim. Dos que têm experiência sexual, 79,5% dos adolescentes usaram camisinha na última relação, índice maior que os 75,9% de 2008.

Fonte: Época