Duzentos anos antes do tempo de Spurgeon, o "príncipe dos pregadores," houve outro "príncipe" no meio teológico: John Owen. Nascido na Inglaterra, em 1616, John foi o segundo de seis filhos que Deus deu ao Pr. Henry e sua esposa Hester. Dotado de um grande intelecto, Owen estudava, desde cedo, matemática, filosofia, teologia, hebraico e os escritos dos rabinos.
Neste
momento, tendo sido já consagrado ao ministério, arrumou um trabalho e
passou os próximos seis anos como capelão e instrutor particular para as
famílias de dois lordes ingleses. Foi durante esta época que finalmente
enfrentou as dúvidas com que vinha batalhando frequentemente, acerca de
sua própria salvação. Embora criado num lar cristão e tendo abraçado os
valores morais dos Puritanos, desde jovem, Owen não tinha certeza em si
mesmo de que era um filho de Deus. Com vinte e seis anos, resolveu
visitar a igreja de um grande pregador - Dr. Edward Calamy. Porém, o Dr.
Edward não pode estar naquela noite, então outro homem pregou sobre
Mateus 8.26: "Por que temeis, homens de pouca fé?".
Através desta pregação, por um homem desconhecido, o Espírito Santo
trabalhou em Owen e transformou seu coração atribulado em um que
descansava em Deus. Depois daquela noite, vemos um homem que se dedicava
inteiramente as coisas de Deus e que usava seu intelecto, não para sua
própria glória, mas para a divulgação do conhecimento de Deus.
Aos
vinte e sete anos, Owen casou-se com Mary Rook. Durante os 33 anos que
passaram juntos, Mary e John tiveram onze filhos, porém, somente um
desses chegou à juventude, e foi por pouco tempo. A moça chegou a
casar-se, mas, após a dissolução de seu casamento, também faleceu. Assim
como seu Salvador, Owen era "um homem de dores". Em 1676, a morte
separou John de Mary, então, um ano e meio depois, ele casou-se com a
viúva Dorothy D'Oyley e viveu com ela até que a morte o levou, em 1683.
No
mesmo ano em que se casou pela primeira vez, Owen assumiu seu primeiro
pastorado, em Fordham. Seu ministério ali foi bem aceito, e muitos
vieram das redondezas para ouvi-lo pregar. Um excelente professor, Owen
desenvolveu durante este tempo dois catecismos: um para crianças e outro
para adultos. Três anos mais tarde, transferiu seu ministério para
Coggeshell onde pregava para mais de mil pessoas toda semana.
Mesmo
estando ocupado no ministério, Owen também dedicou tempo a seu país.
Logo que mudou para Coggelshell, começou a pregar perante o Parlamento.
Em 1655, durante um tempo tempestuoso na Inglaterra, Owen não mediu
esforços para proteger a cidade de Oxford de uma rebelião e também
serviu durante oito anos como capelão particular e conselheiro
espiritual ao então líder do país, Oliver Cromwell.
Embora
estes cargos políticos o tenham ocupado muito, Owen aceitou a
oportunidade de servir primeiramente na superintendência da Faculdade
Christ Church, e depois na Universidade de Oxford. Por causa das guerras
civis na Inglaterra, a universidade encontrava-se sem professores e a
beira de um colapso financeiro. Owen enfrentou esta situação com
determinação, reunindo os professores, estruturando a parte financeira e
exortando os alunos constantemente a serem mais disciplinados e
piedosos. Debaixo de seu cuidado, a Universidade de Oxford gozou vários
anos de paz, prosperidade e piedade.
Oliver
Cromwell era um Puritano e, durante o tempo em que governou a
Inglaterra, favoreceu outros Puritanos. Foi ele quem colocou Owen na
superintendência da Faculdade Christ Church e também da Universidade de
Oxford. Mas, com o falecimento de Cromwell, terminou a época chamada "o
reino dos santos". O novo rei e o novo Parlamento, não querendo que o
país voltasse a ser governado por Puritanos, instituíram uma lei que
tornou ilegal qualquer modo de adoração a não ser pela igreja anglicana.
Aqueles que não se conformaram a esta lei foram conhecidos como
"não-conformistas", ou "protestantes", ou "independentes", e estes
sofreram forte perseguição do governo até 1671, quando uma nova lei,
permitindo os independentes o direito de adoração, foi instituída.
Em
1660, Owen, sendo um dos independentes, foi tirado da superintendência
da Faculdade Christ Church e da Universidade de Oxford. Foi-lhe
oferecido a presidência da universidade de Harvard, nos EUA, mas Owen
preferiu se retirar para a cidade de Stadhampton, onde defendeu
fortemente os Independentes, também pastoreou uma pequena igreja em
Londres. Mesmo sofrendo muita perseguição, Owen teve a sua vida poupada,
devido a suas conexões políticas, ele usou desta mesma influência para
liberar o seu amigo John Bunyan da prisão e ajuda-lo na primeira
publicação do livro O Peregrino.
Pode
parecer estranho que um homem de tal influência e intelecto ter uma
amizade tão grande com o pobre ferreiro John Bunyan. Até o rei da
Inglaterra perguntou a Owen certa vez porque uma pessoa de inteligência
desperdiçaria o seu tempo ouvindo as pregações de um pregador sem
letras. Mas Owen respondeu: "Se eu pudesse ter a habilidade de pregar
que aquele Ferreiro tem, eu de bom grado abandonaria todo o meu
aprendizado".
Desde
o tempo de sua conversão, Owen separava tempo para escrever. Os seus
cargos políticos, acadêmicos e religiosos, exigiam muito tempo e
esforço, mas nem por isso Owen deixava de passar para o papel aquilo que
tinha aprendido com o seu Senhor. Ao todo, foram mais de oitenta livros
escritos, todos com o propósito de exaltar a verdade da Bíblia,
desmascarar o erro e assim promover a santidade e união do povo de Deus.
John
Owen faleceu em 1683, aos 67 anos de idade. Tinha sofrido muito com
problemas na vesícula e com asma, mas chegou ao final da sua vida em paz
e foi sepultado no cemitério Bunhill Fields, o mesmo local onde Bunyan e
vários outros Puritanos foram enterrados. Em sua última carta, escrita a
um amigo de longa data, Owen disse:
"Estou
indo Àquele a quem minha alma tem amado, ou, melhor, Àquele que tem me
amado com um amor eterno; qual é a base inteira da minha consolação".
Uma palavra sobre a biografia
É
uma realidade que agrada a Deus usar "vasos de barro", homens falhos,
em Sua obra. Apesar de não concordarmos com tudo que este autor fez em
sua vida ou com tudo que escreveu, acreditamos que tem muitas coisas
edificantes em seus livros e em seu exemplo. Por isso quisemos
compartilhar um pouco de sua vida, em nosso informativo desse mês. Nosso
objetivo não é exaltar a John Owen ou a qualquer outro homem, mas ao
trabalho que Deus realizou através deles. Esperamos que lhe seja tão
edificante aprender um pouco sobre esses vasos de barro, quanto tem sido
para nós da equipe Palavra Prudente.
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