O livro de Adolf Hitler, “Mein Kampf”
(Minha Luta), será publicado pela primeira vez desde a guerra na
Alemanha, numa versão comentada prevista para 2015, anunciou nesta
terça-feira, 24, o estado da Baviera, que detém os direitos da obra,
segundo a agência alemã DPA.
O ministro das Finanças da Baviera,
Markus Soeder, anunciou que a decisão foi tomada depois de muitas
discussões, principalmente com juristas, a fim de desmistificar esta
obra que mistura elementos autobiográficos e fundamentos da ideologia
nazista. ”Queremos mostrar claramente a que ponto este livro, com
consequências catastróficas, é absurdo”, destacou sobre a obra que
serviu de base à política do Terceiro Reich.
O objetivo é também tornar “pouco atraentes, do ponto de vista comercial”, as futuras publicações.
Até 2015, o Estado regional da Baviera detém os direitos de “Mein Kampf”
(“Minha Luta”), redigido por Adolf Hitler durante sua prisão, em 1924,
após uma tentativa de golpe de Estado. A obra deve cair no domínio
público no final do mesmo ano, ou 70 anos após a morte de Adolf Hitler. A
partir de 2016, será possível reproduzir o livro sem o consentimento do
Estado bávaro, exceto nos casos “de incitação ao ódio racial”, precisou
Soeder.
A Baviera tem bloqueado, até o momento,
qualquer reedição integral ou parcial, para evitar uma exploração
eventual do texto por grupos neonazistas.
No início de março, uma revista editada pela britânica Peter McGee, “Zeitungszeugen“,
quis republicar passagens controversas da obra, mas a justiça alemã
proibiu, considerando que o projeto serviria aos ideais do ditador.
A iniciativa de McGee foi motivo de
várias reações, entre elas a do presidente do Conselho Central dos
Judeus da Alemanha Dieter Graumann, que informou não se opor com
veemência ao projeto. ”Melhor seria que não fosse publicado mas, neste
caso, é preciso que saia acompanhado de comentários pedagógicos por
parte de historiadores”, disse à AFP.
Dez milhões de exemplares em alemão foram editados até 1945, segundo o historiador Ian Kershaw. A partir de 1936, o livro “Mein Kampf” era dado de presente de casamento pelo Estado aos casais alemães.
Fonte: G1
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