sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Os mais variados tipos de pregador e seus públicos-alvo





Um dos leitores do primeiro artigo desta série fez menção de outro tipo de pregador não constante da relação original. Disse ele: “Faltou o pregador recalcado. Ele faz sua agenda falando mal dos outros pregadores; suas mensagens estão pautadas em ofender outros ministros, sem respeitar os estilos e as formas variadas de Deus agir. Duvida e questiona o ministério de todos, mas ele é o ungido. O recalcado fala dos que cobram para pregar, mas ele também tem um preço; fala mal do pregadores itinerantes, mas também tem os seus DVDs e livrinhos para vender na saída dos cultos. Vamos orar para que o Eterno nos abençoe e tenha muita misericórdia da nossa geração. Ainda bem que hipocrisia não tem cheiro”.

Concordo em parte com o leitor, que também é pastor e pregador. De fato, há esse tipo de pseudopregador, o recalcado. Mas é preciso considerar também o seguinte:

Primeiro: um “pregador” que ofende ministros e supostamente faz sua agenda falando mal dos outros está desviado. E é lamentável que igrejas convidem desviados para ministrar em seus eventos. Portanto, eu não chamaria um “pregador” com as mencionadas características apenas de recalcado, mas de falso pregador, desviado, fraudulento, que não tem compromisso com o Deus da Palavra e com a Palavra de Deus.

Segundo: é preciso saber distinguir entre estilo de pregador e abuso de animador. Estilo é algo próprio de uma pessoa: sua maneira de falar, de gesticular... Mas isso nada tem que ver com manipulação de auditório. Muitos pregadores que não suportam críticas aos seus erros, por exemplo, sequer leram os meus livros e saem por aí dizendo que eu não respeito os estilos dos pregadores. Eu os respeito, sim. Mas o “estilo animador de auditórios” não tem apoio das Escrituras. Pregação significa expor a Palavra de Deus, com ousadia, graça, sabedoria do alto, etc. Mas o que vemos hoje é abuso, manipulação, ofensas indiretas (e às vezes diretas) a quem não aceita ser manipulado.

Terceiro: Deus age das mais variadas maneiras, pois a sua manifestação é multiforme (1 Co 12.4-11). Entretanto, há muitas aberrações que estão sendo praticadas no meio do povo de Deus com a desculpa de que não podemos julgar o suposto agir de Deus. Ora, nada está acima da Palavra do Senhor (Gl 1.8; 1 Co 4.6). Ela sim é pura, perfeita, mas pregações, profecias e manifestações devem ser julgadas, provadas, examinadas segundo a reta justiça. Isso é bíblico, gostem ou não os “pregadores” que desejam viver acima do bem e do mal (1 Jo 4.1; Jo 7.24; 2 Co 11; 1 Pe 4.13).

Quarto: duvidar de ministérios e questioná-los não é pecado, pois o livre exame é bíblico (At 17.11; 1 Ts 5.21). Mas considerar-se “o ungido” é iniquidade. E essa característica também está relacionada com os animadores de auditório e milagreiros, que não aceitam críticas construtivas. Inseguros, eles reagem de maneira desproporcional, ofendendo, menoscabando e se julgando “os ungidos”... Realmente, como disse o leitor, ainda bem que a hipocrisia não tem cheiro.

Quinto: eu duvido sim e questiono muitas pregações e práticas da atualidade, porque a Palavra de Deus me dá essa liberdade (1 Ts 5.21), mas respeito as pessoas. As minhas considerações são, às vezes, irônicas, bem-humoradas, provocativas, porém sempre são feitas em tese. E, se alguém se sente ofendido com críticas em tese, está demonstrando total insegurança quanto à sua chamada. Afinal, quem tem chamada de Deus sabe em quem tem crido, diferentemente dos manipuladores de plateia...

Sexto: os pregadores recalcados realmente, quando podem (pois são poucos os pastores desavisados que lhes dão oportunidade de falar), agridem as pessoas. Concordo com o leitor. Mas os pregadores e ensinadores zelosos combatem os erros cometidos por obreiros, à semelhança do Senhor Jesus e do apóstolo Paulo, que não toleravam os desvios na esfera ministerial (Ap 2;3; 2 Co 11; Tt 1; Fp 3.18).

Sétimo: os pregadores zelosos (1 Tm 4.16), ao contrário dos recalcados e dos animadores de auditório, não precisam pedir (alguns até imploram) nem se oferecer para pregar: “Convide-me para fazer uma campanha em sua igreja”. Não, os pregadores zelosos, compromissados com o Deus da Palavra e com a Palavra de Deus, são convidados por líderes igualmente zelosos. Sim, os pregadores que têm convicção da sua chamada esperam no Senhor, pois é Ele quem chama (Mc 3.13), capacita (Jo 15.16) e abre portas grandes e eficazes para a pregação do evangelho (1 Co 16.9).

Oitavo: nos meus livros e também neste blog questiono quem estipula cachês altíssimos, abusivos, para pregar (pregar?), porque isso é antibíblico. Daniel não aceitou os presentes do rei antes de interpretar o que fora escrito na parede, mas os aceitou depois (Dn 5). Em outras palavras, fazendo aqui uma aplicação: ele não cobrou cachê para ser um instrumento de Deus, mas aceitou uma oferta por fazer a obra de Deus.

Nono: precisamos ser coerentes e verdadeiros, e não coniventes com o erro. O nosso compromisso é com Deus, e não com os homens (Ez 2; At 7; 1 Co 11.23). É Ele quem aprova ou reprova o nosso ministério, mas quem fica irritado com as críticas aos erros do pregador — e não à pessoa do pregador — é porque está inseguro quanto à sua chamada, repito.

Concluo citando o que diz a Palavra de Deus em 2 Coríntios 10.12-18: “Porque não ousamos classificar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas esses que se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos estão sem entendimento... Porque não é aprovado que a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva”.

Com amor e respeito a todos os pregadores do evangelho (como eu também o sou, segundo a graça de Deus),

Ciro Sanches Zibordi

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